27 de julho de 2008

entre cirros, gigas e allemandes










                                                 "Paisagem sob um céu de tempestade", Vincent van Gogh


como que tirados
de um alaúde
versos quero
repletos de música
meu coração barroco
neles estampado

mais o vento, seus
bemóis
para adiante levá-los
entre mosaicos
de nuvens
pouco mais que
além disso

mesmo que o sol
se esquive
ou o azul se
faça omisso

de sul a norte o caminho se perfaz









"A estrada de Vétheuil, efeito de neve", Claude Monet 



sem delongas ou adeus
disperso-as assim
palavras, gelosia afora
ainda que na invernada

périplo pelos campos
para encetar a jornada
elas que são do
coração meu os ais

depois que singrem no vento
em silente permuta
e venham a mim novos
pontos cardeais

24 de julho de 2008

pelo fogo acorrentado













"O suplício de Prometeu", Jean-Louis-Cesar Lair

não vou afogar
num etílico oceano
o repisar da sina de
amores malogrados
posto que à paixão
intrínsecos são
o cambalear, a queda
o permanecer alucinado
a dor que destila

então eu, Prometeu atormentado
destarte salvo o fígado
mas pela eternidade fica
o coração dilacerado

20 de julho de 2008

antes que se apague












"Natureza morta com vela", de Pablo Picasso

contemplo seu átimo
que é (e me) chama
funâmbulo o lume
na ponta do pavio
qual inflada vela em
cume de navio

ímpeto ígneo que
oscila e remonta
a destinos do vento
é como o existir em
cada momento, rito

e nada tira a beleza
mesmo do que de antemão
sabemos finito

10 de julho de 2008

rumo ao sol do sul









"Campo coberto de neve com uma grade" de Vincent van Gogh


vão elas tão belas
as aves peregrinas
em sua orquestral formação
que talvez pássaros não sejam
mas anjos sim
e se de seis asas
serão serafins

9 de julho de 2008

romântica (joycíclica)










"Montes de feno ao nascer da lua", de Vincent van Gogh"

a plenilua já foi 
minguanova
e quartocrescheia


6 de julho de 2008

flights and beehives








"O parque Monceau", de Claude Monet



proletária ela
zumbelha
entre o que verdeja
asas em faina
de pouso e voar
amarelambendo a flor
insinuando vislumbres
de favo e mel