7 de setembro de 2016

este silêncio sem azuis




















"Jardim em Arles", Vincent van Gogh


há muito que disto
da faina dos versos
eu que nunca ambicionei
algum outro mar

e no que não mais me
ancoro em anelos
palavras não deixo como
vestígios de mim

procuro antes um
refúgio que horizontes
inequívoco  traço de
não mais me encontrar

como se e tão-somente
este silêncio sem azuis
manifesto e contumaz
pudesse me bastar

22 de maio de 2016

algo além de aves em dissonância















 

 

"Um prado nas montanhas: Le Mas de Saint-Paul", Vincent van Gogh
 
quero das palavras
algo além de aves
em dissonância

ou de voos por
labirintos e abismos e
epígrafes de silêncios

quero paráfrases do vento
e ainda e só o verso
em lugar do exílio

para recobrar asas 
mitigar desenganos

e delinear outros mapas
que não os da solidão

13 de outubro de 2015

meus olhos que antes girassóis












  


 "Campo com papoulas, primavera em St. Remy", Vincent van Gogh

apenas sei sinuosas
as palavras
no que esgrimo
entre silêncios

sem um vórtice
que alardeie algo
ao coração

sem ousadia de asas
vida estanque entre
ausências e bemóis
   
são cegos os vislumbres
para meus olhos que
antes girassóis

13 de julho de 2015

sem sol e sem asas














"A estrada de Vetheuil sob a neve", Claude Monet

esse pacto desfeito
com a palavra
assim se traduz

sílabas incógnitas
nenhum verso cúmplice
silêncio em ostinato

nenhum azul relato
uma clave de pedra
a me pautar 

sem sol e sem asas
para invernar


12 de julho de 2015

não mais que dunas e desalento
















"Praia de Varengeville", Claude Monet
  

silêncios tenho navegado
sem que as palavras
venham me aportar

então não aludo a barcos
pois que desertos
percorro e não o mar

vislumbro não mais
que dunas e desalento
nesta dúbia paisagem

de degraus de aridez
e solidão 

e oásis nenhum
para o coração