8 de julho de 2011

em meio às celebrações do vento


"Paisagem marinha, efeitos da noite"", Claude Monet

neste mar que é
a solidão
que me cerceia
releituras de
estrelas faço
circunstâncias do
inverno contemplo

e desde que nada
nada intento
palavras sobreponho
à dor que medra
em meio às celebrações
do vento

25 de junho de 2011

um amor que assim se revele


"Menina com boina vermelha", Pablo Picasso

espero um amor que
assim se revele
como ou feito o céu que
quando for estelar

que não seja palavra
arredia, criptografia
mas chão de aconchego
nunca revolto mar

e que norte seja de
azuis imensuráveis
um códice de asas traduzido
por manifestos do olhar

17 de junho de 2011

quando contemplas o mar


"Argentuil, fim de tarde", Claude Monet

para Graça Pires

penso em ti no que
da esplanada
contemplas o mar
exegeta desvendando
os vaticínios do vento

se alimentando de
imensidão
entre versos e preces
a nautas e gaivotas
enquanto te despedes
do sol extenuado

mas talvez somente
esperes das estrelas
a sutil chegada
quando serão tuas palavras
iluminuras pela noite
em pontos cardeais

e minha reverência
se torna indagação:
de onde vem a poesia tua
este cabedal de luz
que transbordas
na amplidão?

4 de março de 2011

caixa de música


"Clarinete e violino", Pablo Picasso

sem ressonâncias
de brisa ou
tardes de girassóis
meus versos quase
sempre têm a
clave da solidão

mas se entreaberto
meu coração
qual caixa de música
transbordo sutilezas
e minuetos
ao palavras entabular

o amor sendo chave
e passaporte para
todo possível sonhar

24 de fevereiro de 2011

elipses e bemóis


"Arlequin", Pablo Picasso


semibreves do vento
ou o matiz da manhã
nada me afaga a alma
e abandono palavras
por rimas de silêncios
elipses e bemóis

desdenhando sonhos
o outono antecipo
e assim circunscrevo
a atual estação
neste périplo sem asas
que é a solidão