19 de outubro de 2008

cantiga para um rio de inúmeras margens


"Mulher na janela", Pablo Picasso

para Márcia Maia

um orquidário de versos tua
poesia por uma lira acalentada
assim em sexteto executada
mais redemoinhos, sóis e altiplanos
a palavra espreitando oceanos

atando pétalas ao cotidiano do
que medra em circunstância
seja a estrela celeste ou do atol
lua e amor em quarto crescente
a pedra da rua ou o azul lençol

espelhos, rios, varanda e entreatos
dias santos ou encantos do pecado
tudo no teu canto, tudo faz pensar
que o gris deve sempre ao irisado
ceder tanto a vez quanto o lugar

encontro ainda breves adagios
e mais do que a tarde abreviada
para além de sombra e catavento
o que fere e o que acalanta
e um girassol que se agiganta

5 comentários:

Graça Pires disse...

Um girassol que se agiganta para um rio de inúmeras margens...
Um abraço.

Thiago disse...

Vim aqui dar por acaso e gostei do que encontrei. Um abraço de Barcelona

Anônimo disse...

tão belo, desde o título, que me deixa sem palavras.
obrigada, viu?
e um beij grande.

Alexandre Bonafim disse...

Quem é essa poeta? Pelas suas belas palavra ela só pode ser uma poeta de palavras também belas. Abração.

Alexandre Bonafim disse...

Rs, é a Márcia. Realmente. Excelente. Abraço.