12 de julho de 2014

de cultivar as deusas

fragmento de "Nascimento da Vênus", de Botticelli

em lugar de Deméter
foi Afrodite quem espargiu
nas orlas do peito meu
tais campos de trigo
deles palavras germinaram
versos plenos de boa lavra
florescente a paixão

só não se vaticinara
ante abundância tamanha
da dor o jugo inesperado
o sonho então devastado
a colheita desfeita
deserto assim o chão

revelava agora a paisagem
uma Circe inclemente
o amor já dissidente
lamentos tais, ais bemóis
o que me alimentara
tornado agrura
mais a solidão em
sua semeadura










Um comentário:

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Tuas 'coreografias de tropeços' são em tua poesia um balé de sonora sincronia.

Muito bela a linguagem do poema.