31 de maio de 2013

tão ímpar a semeadura










 


"Noite estrelada sobre  o Ródano", Vincent van Gogh

se o brilho ou devaneios
não sei o que as agrupa em
tríades ou constelações

mas impossível contá-las
estrela por estrela em
luminosas multidões

assim da noite a tessitura
fértil chão o firmamento
tão  ímpar a semeadura

30 de maio de 2013

se desenho moinhos



"Monmartre, moinhos e horta", Vincent van Gogh

não me confundo se
desenho moinhos
pois que os prefiro
às catedrais

a liturgia dos ventos
sendo poesia
as pás em movimento
os sacros rituais

e quixotes sacerdotes
sendo a mim tão iguais

28 de maio de 2013

o mar que está fora do lugar



 Aquarela de Henrique Coutinho

nele são outras  as tormentas
entre o inesperado dos nimbos
e o tempo a ondular
somente esse o azul que
meus olhos singram
que em vão sem asas ou velas
as montanhas tentam tocar

em Minas o céu é o mar
que está fora do lugar

25 de maio de 2013

sendo o pão a poesia



"Campo de trigo", Vincent van Gogh

o que é esse enigma
nada me assegura
pois que tanto me fere
conquanto me cura

e dele me alimento
mesmo  se  feito vento
só assim se pronuncia

pois  que em mim
a palavra se faz trigo
sendo o pão a poesia

23 de maio de 2013

a madrugada, esse mar



"Estrada secundária em Provença à noite", Vincent van Gogh

a madrugada
esse mar
não me impede de
palavras tatear  

atracar do meu
jeito feito barco e
buscar uma fresta
na noite que resta 

entre o verso e o olhar
há o universo de uma
estrela a soçobrar

monossilábica a tarde



 "Campos de trigo em Auvers sob céu nublado", Vincent van Gogh

do vento os apelos
não alcanço
eu  que nunca pássaro
entre enganos nesse
pretenso voar

asa que foge
perco a palavra
no horizonte
monossilábica a tarde
em seu murmurar