19 de agosto de 2008

deste inverno quase nada


"Paisagem de inverno", Wassily Kandinsky

deste inverno
levarei quase nada
aquarela de frios dias
solidão de quem fica
ante um céu de aves
em debandada

como a natureza que
às flores da primavera
há muito renunciara
o coração coleciona
ausências semeadas
travo de acenos num
cais sob lua clara

feito estátua eu assim
palimpsesto de mármore
como quem nada espera
como quem tudo perdera
e com o vazio se depara

Um comentário:

Alexandre Bonafim disse...

Nesse poema, mosaico de belíssimas metáforas, você nos brinda com a graça da legítima poesia. Abração.